O candeeiro hesita
a luz não quer ferir
paredes tímidas
olhos sem fundo.
O sofá protesta
memória pesa
risos de verão
descalços perdidos.
Fotografias tortas
dentes de papel
testemunhas mudas
vida que não é minha.
A madeira fala
eu escuto
a casa respira
eu permaneço.
O portão geme
vento chama
folhas guardam passos
caminho nunca feito.
Eu fico
sempre fico
na dobra do tempo
lençóis esquecidos.
O silêncio denuncia
a casa sabe
as paredes sabem
o espelho trai.
Não há rosto
só sombra
talvez candeeiro
talvez eu.
Acolhido outrora
rejeitado agora
habito um eco
sou eco.
BL
15.11.25