sábado, 15 de novembro de 2025

Poema fragmentado

 






O candeeiro hesita
a luz não quer ferir
paredes tímidas
olhos sem fundo.

O sofá protesta
memória pesa
risos de verão
descalços perdidos.

Fotografias tortas
dentes de papel
testemunhas mudas
vida que não é minha.

A madeira fala
eu escuto
a casa respira
eu permaneço.

O portão geme
vento chama
folhas guardam passos
caminho nunca feito.

Eu fico
sempre fico
na dobra do tempo
lençóis esquecidos.

O silêncio denuncia
a casa sabe
as paredes sabem
o espelho trai.

Não há rosto
só sombra
talvez candeeiro
talvez eu.

Acolhido outrora
rejeitado agora
habito um eco
sou eco.




BL

15.11.25







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