domingo, 12 de julho de 2020

No silêncio que me digo








Digo-me do silêncio das árvores
de um céu pintado de frutos e de cores que não chegaram
a amanhecer


de navios carregados de monólogos surdos
cúmplices dos sonhos
e das esperanças
que em cinzas caíram a meus pés
sussurrando vozes perdidas no cais


de esboços e representações
memórias de súplicas
e de soluços
irónicas sedas nos meus areais.


E no silêncio que me digo entendo
a interdita agonia das pétalas
e dos corais


a indefinível distância dos recantos
onde nasci onde morri
e hoje sou
um quase tudo
um quase nada
dentro de mim.




20.12.10


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